Não podemos aprender com eles?
Mesmo não sendo “naturalmente ecologistas”, aos povos
indígenas se deve reconhecer o crédito histórico de terem manejado os recursos
naturais de maneira branda.
Souberam aplicar estratégias de uso dos recursos que,
mesmo transformando de maneira durável seu ambiente, não alteraram os
princípios de funcionamento e nem colocaram em risco as condições de reprodução
deste meio.
A dificuldade em se compreender as concepções e as práticas indígenas
relacionadas ao “mundo natural” e a tendência em aprisionar estes modos de vida
extremamente complexos e elaborados na imagem idealizada de uma relação
harmônica homem-natureza são exemplos de etnocentrismo.
A visão dos índios como homens "naturais", defensores inatos
da natureza, deriva de uma concepção de natureza que é própria ao mundo ocidental
moderno: a natureza como algo que deve permanecer intocado, alheio à ação
humana. Mas o que os povos indígenas têm a dizer sobre o assunto é bem
diferente.
As concepções indígenas de “natureza” variam bastante, pois cada povo
tem um modo particular de conceber o meio ambiente e de compreender as relações
que estabelece com ele.
Porém, se algo parece comum a todos eles, é a ideia de que o “mundo
natural” é antes de tudo uma ampla rede de inter-relações entre agentes, sejam
eles humanos ou não-humanos.
Isto significa dizer que os homens estão sempre interagindo com a
“natureza” e que esta não é jamais intocada. Os Yanomami, por exemplo, utilizam a palavra urihi para se referir à
"terra-floresta": entidade viva, dotada de um "sopro vital"
e de um "princípio de fertilidade" de origem mítica. Urihi é habitada
e animada por espíritos diversos, entre eles os espíritos dos pajés Yanomami,
também seus guardiões.
A sobrevivência dos homens e a manutenção da vida em sociedade, no que
diz respeito, por exemplo, à obtenção dos alimentos e a proteção contra
doenças, depende das relações travadas com esses espíritos da floresta. Dessa
maneira, a natureza, para os Yanomami, é um cenário do qual não se separa a
intervenção humana.
Por que não podemos aprender com eles?
Será que não chegou o momento de aprender a tirar proveito da natureza
para sobrevivência e não para lucrar.
Equipe Blog do Maurício
Sara / Aleksandra
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