A Droga da obediência foi escrita em 1983 inspiradas por uma
brutal dor de cabeça chamada Cefaleia de Horton. Certa madrugada acordou com
uma crise violenta e, enquanto lágrimas de dor deslizavam-me pela face, fiquei
pensando como era injusta aquele sofrimento: a injeção que fazia cessar
imediatamente as crises deixara de ser fabricada pelo laboratório farmacêutico!
E ali estava eu, sofrendo e chorando, porque alguém lá da tal indústria, por
interesses comerciais ou de qualquer outra ordem que fosse, determinara que eu
sofresse e chorasse! Fiquei pensando, então, que há várias maneiras de se
exercer o poder: um laboratório que é capaz de controlar a duração e a
intensidade das dores humanas é mais poderoso do que um exército! Assim, um
invento químico conseguiria também anular a vontade! Dominar as mentes! A
humanidade seria regulada pelo uso de drogas, os desejos seriam reprimidos, os
protestos, abafados! E a obediência absoluta seria imposta! Pensei também: mas
será que isso é apenas ficção? Será que tudo isso já não está acontecendo
atualmente com a jovem humanidade drogada, vagando como idiotas semimortos, sem
fé no futuro, sem fé em si mesma e já sem a força e a garra de que tanto
precisamos? Seria também impossível não somar, a essas inspirações sinistras,
toda uma história pessoal de vida permeada pela exortação à obediência, à
disciplina, à aceitação passiva de um mundo comandado de cima para baixo, em um
país esmagado pela tutela insana de um autoritarismo violento, como acontecia
com o meu País, o meu Brasil, dominado e controlado havia anos por uma ditadura
militar. Assim nasceu A Droga da Obediência. Não é importante gostar do livro
ou concordar com ele. É importante pensar no assunto. Ai, quem me dera que um
mundo de jovens de órbitas vazias fosse apenas ficção! PS: Felizmente, desde
1991 a dor de cabeça desapareceu. Mas o livro que ela inspirou continua mais do
que vivo!
Ficha técnica:
Titulo: A Droga da obediência
Autor: Pedro Bandeira
Editora: Moderna
Equipe Blog do Maurício
(Gabriel Rodrigues / Davi )
Enzo Rodrigues
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