Vinícius de Moraes
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vívido do otimismo desenvolvimentista dos anos anteriores ao golpe
militar de 1964, colocou sua arte a serviço do belo, do amor, e também
do amor pela humanidade e da luta pelo progresso social.
Não está entre os preferidos dos fascistas brasileiros.
Não está entre os preferidos dos fascistas brasileiros.
O poeta e a rosa
(Vinícius de Moraes)
( E com direito a passarinho)
Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!
Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.
É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.
- Que foi? - balbucia o poeta
E a rosa; - Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!
E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.
- São milhões! - a rosa berra
Milhões a morrer de fome
E tu, na tua vaidade
Querendo usar do meu nome!...
E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as
Fora, como a dar comida
A todas essas crianças.
O poeta baixa a cabeça.
- É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.
E um passarinho que ouvira
Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma reta
E ainda faz um cocozinho
Na cabeça do poeta.
Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!
Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.
É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.
- Que foi? - balbucia o poeta
E a rosa; - Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!
E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.
- São milhões! - a rosa berra
Milhões a morrer de fome
E tu, na tua vaidade
Querendo usar do meu nome!...
E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as
Fora, como a dar comida
A todas essas crianças.
O poeta baixa a cabeça.
- É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.
E um passarinho que ouvira
Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma reta
E ainda faz um cocozinho
Na cabeça do poeta.
Poeta e a Rosa,
que contém talvez uma denúncia mais crua das mazelas da vida atual e
também da alienação de certos poetas que, olhando apenas o “belo”,
deixam de considerar as contradições e as mazelas da vida.
Nele, ironiza o tipo de poeta que, ao ver uma rosa branca, exclama “que linda! / cantarei sua beleza”. E se surpreende quando a rosa branca fica vermelha de raiva e chama a atenção do poeta: “Calhorda que és! / Pára de olhar para cima! / Mira o que tens a teus pés!” E a seus pés o poeta vê uma vítima da sociedade injusta e desigual: uma criança, “Suja, esquálida, andrajosa / Comendo um torrão da terra”.
www.vermelho.org.br
Grande poeta e compositor que cantou maravilhas e belezas, denunciou a opressão, a miséria e a alienação.
Nele, ironiza o tipo de poeta que, ao ver uma rosa branca, exclama “que linda! / cantarei sua beleza”. E se surpreende quando a rosa branca fica vermelha de raiva e chama a atenção do poeta: “Calhorda que és! / Pára de olhar para cima! / Mira o que tens a teus pés!” E a seus pés o poeta vê uma vítima da sociedade injusta e desigual: uma criança, “Suja, esquálida, andrajosa / Comendo um torrão da terra”.
www.vermelho.org.br
Grande poeta e compositor que cantou maravilhas e belezas, denunciou a opressão, a miséria e a alienação.
Evelyn
Equipe Blog do Maurício
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