A Ditadura Militar no Brasil através da música Popular Brasileira
Na década de 60, a censura tentou calar quem
tinha algo a falar. Mas alguns músicos acharam uma brecha e deixaram para a
posteridade aqueles momentos da história tão difíceis através de suas músicas.
A metáfora é um recurso conotado, que se apresenta como a substituição de palavra, por analogia, como uma comparação. É a transferência de uma palavra para outro plano de leitura, que não é o mesmo em que ela se encontra.
Por fim, o sentido explícito é de senso comum, de fácil entendimento, não deixa dúvidas. E o sentido implícito é o que fica nas entrelinhas, sendo necessário um conhecimento mais específico.
Era a forma que os músicos tentavam passar ilesos pela censura que controlava toda produção desta época ligado a cultura.
Na verdade, dentro de um comando ditatorial, tudo passa pela censura para o estado ter o controle total das ações, pensamentos e sentimentos. Liberdade não era palavra possível dentro da ditadura.
Por fim, o sentido explícito é de senso comum, de fácil entendimento, não deixa dúvidas. E o sentido implícito é o que fica nas entrelinhas, sendo necessário um conhecimento mais específico.
Era a forma que os músicos tentavam passar ilesos pela censura que controlava toda produção desta época ligado a cultura.
Na verdade, dentro de um comando ditatorial, tudo passa pela censura para o estado ter o controle total das ações, pensamentos e sentimentos. Liberdade não era palavra possível dentro da ditadura.
Veja, dentro de nossa pesquisa para o blog desta
semana, a possibilidade para o significado desta música:
Pai,
afasta de mim esse cálice
Cálice, um diálogo inter discursivo que,
implicitamente, significa cale-se, se referindo á censura. Faz analogia, de
modo implícito, entre a Paixão de Cristo – a agonia de Jesus (pai) no calvário
– e o sofrimento vivido pela população durante o regime autoritário.
De vinho tinto de sangue
Na bíblia seria o sangue de Cristo; na música
refere-se, num recurso metafórico, ao sangue das vítimas torturadas e
desaparecidas durante a ditadura. Como beber dessa bebida amarga. Dificuldade
de aceitar um quadro social onde a oposição é combatida de modo desumano, numa
associação conotada com o gosto de uma bebida amarga.
Tragar a dor, engolir a labuta
Tragar a dor indica a imposição de uma situação
de autoritarismo e violência física e moral. Engolir a labuta remete a ter que
viver numa condição que não permite o direito de expressão dos trabalhadores.
Mesmo calada a boca, resta o peito
A expressão calada a boca confirma o sentido
conotado de cálice (cale-se). Peito: coração, sentimento. Por resta
compreende-se o tema da resistência, que indica esperança de mudança,
inconformismo.
Silêncio na cidade não se escuta
As pessoas não se expressam, não podem se
manifestar.
De que me vale ser filho da
santa
Melhor seria ser filho da outra
As frases parecem referir-se, de modo conotado, à
oposição boa conduta x má conduta, ou lícito x ilícito, indicando o plano de
leitura da revolta.
Outra realidade menos morta
Morta é uma conotação que indica, considerando o
contexto da época, uma realidade onde as condições estão em disjunção com
os significados possíveis de “vida”, entre eles a igualdade de direitos, a
democracia, a expressão, etc.
Tanta mentira, tanta força
bruta
A frase reforça, na repetição de tanta, os temas
da desconfiança e da violência.
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Num jogo com as palavras calado/calada, as frases
remetem à dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime,
apresentando, de modo subentendido, o tema do autoritarismo (me dano), que
impede a expressão do povo.
Quero lançar um grito
desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
As frases tematizam a falta de direito à
expressão e criam o sentido de uma voz sufocada, calada à força. Por desumano
subentende-se uma crítica à conduta do governo. Atordoa indica a insatisfação
com a situação e também pode ser uma referência implícita aos métodos de
tortura e repressão usados para extrair a confissão das vítimas.
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Num plano de leitura do pessimismo, as frases
tematizam a espera por uma situação pior, em que monstro da lagoa alude,
implicitamente, ao governo militar.
De muito gorda a porca já não
anda
De muito usada a faca já não corta
Porca indica a conduta do governo, provavelmente
referindo-se, implicitamente, à corrupção (gorda). Faca parece indicar o
desgaste de uma conduta que se repete.
Como é difícil, pai, abrir a
porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
Em um tom de apelo a Deus, na palavra pai, o
discurso tematiza as condições de repressão (porta fechada, palavra presa) e a
situação caótica do contexto, associado a um pileque homérico, qualidade que
enfatiza a intensidade.
De que adianta ter boa
vontade
O discurso indica um plano de leitura da
impossibilidade, de “mãos atadas”.
Mesmo calado o peito, resta a
cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Cuca provavelmente refere-se à parcela mais
politizada, não alienada, da população. A comparação com os bêbados repete
a referência anterior (pileques homéricos diante do contexto caótico),
indicando os temas da repressão (calado) e da resistência (resta a cuca).
Talvez o mundo não seja
pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Num plano de leitura da dúvida, que considera a
possibilidade da realidade vir a ser diferente, as frases remetem ao tema do
inconformismo com a situação vigente.
Quero inventar o meu próprio
pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Sentido de autonomia, liberdade.
Quero perder de vez tua
cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
a tua cabeça. Mesmo sentido de perder teu juízo,
no sentido de se livrar do julgo, do poder.
Quero cheirar fumaça de óleo
diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
O final da música apresenta novamente um tom
pessimista, tematizando o esquecimento para suportar/esquecer a realidade.
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