Martinho
da Vila
O
Pequeno Burguês
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“Mas burgueses são vocês,
eu não passo de um pobre coitado”
Para muitos, “O pequeno burguês” é a maior
obra-prima de Martinho da Vila, mas tratando-se da genialidade do compositor em
questão, é difícil também não citar “Disritmia”, “Casa de bamba”, “Sonho de um
sonho” e tantas outras verdadeiras artes que passaram pelo crivo e criação de
um dos maiores gênios do samba.
O que torna “O pequeno burguês” tão especial, entretanto, não é
sucesso posterior a gravação, mas a história cantada em uma letra simples e que
retrata a vida de muitos brasileiros ainda hoje.
Antes
de se tornar um sambista de sucesso, Martinho da Vila serviu o Exército como
sargento burocrata. Na época, todos os homens que iniciavam a vida de adulto e
não tinham condições de sustentar uma família, acabavam servindo a nação, ainda
que o salário recebido não fosse dos melhores. O “pequeno burguês” personagem
da canção não é Martinho, mas um de seus companheiros de Infantaria, o Sargento
Xavier.
Na
época, um fardado que conseguisse conciliar o trabalho duro do Exército com uma
graduação era raro, mas Sargento Xavier conseguiu o feito e se formou em
Direito. Os companheiros de Infantaria, orgulhosos do companheiro, combinaram
de irem todos juntos fardados na formatura de Xavier, afinal, a maioria não
tinha dinheiro para comprar um terno. No dia da formatura, entretanto, ninguém
foi convidado.
Um
dia após o baile, todos os companheiros decidiram dar um “gelo” no Sargento
Xavier, que ficou conhecido como o “pequeno burguês”, por não convidar os
amigos pobres para sua formatura. Sem entender o que tinha acontecido, um dia
Xavier se encontrou com Martinho e perguntou o motivo de todos o excluírem das
conversas confraternizações. Sem chances de fugir, Martinho o contou que todos
estavam ofendidos por não serem chamados para o baile de formatura.
Ao
saber da história, Xavier, bastante surpreso, explicou que ele não tinha
convidado a todos por um simples motivo: ele também não tinha ido, afinal, a
faculdade era particular e ele não tinha como bancar o aluguel de um terno,
preço de Buffet e tantas outras coisas. Ele ainda informou que o “canudo” com o
diploma só foi retirado dias depois, na secretaria da Faculdade.
Gênio,
Martinho emprestou a história do amigo e compôs “O pequeno burguês”. O causo de
um Sargento que consegue se formar, mas não vai à formatura.
O pequeno burguês
está em todo lugar, desde o local de trabalho, na fila do ônibus, na banca do
jornal, no estádio de futebol, na universidade. Até na música do Martinho da
Vila está o pequeno burguês. Aquele sujeito que quer adotar o estilo de vida e
o comportamento cultural e ideológico da burguesia: acha que faz parte da
elite, mas na realidade não passa de um assalariado como eu e você.
Evelyn
Equipe Blog do Maurício
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