Maria Quitéria
"Eu
gostaria de entrar nua no rio, caso estivesse no sítio do meu pai. Mas agora
estou aqui entre homens, somos todos soldados, e o banho no Paraguaçu é
forçado. Os portugueses de uma canhoneira bombardearam Cachoeira, então um
bando de Periquitos, e entre eles eu e mais cinco ou seis mulheres, entramos no
rio, de culote, bota e perneira, dólmen abotoado e baioneta calada."
Recriada pelo escritor Hélio Pólvora, a cena mostra a soldado Maria Quitéria, integrante do batalhão dos Periquitos, em pleno campo de batalha, defendendo a independência do Brasil.
Recriada pelo escritor Hélio Pólvora, a cena mostra a soldado Maria Quitéria, integrante do batalhão dos Periquitos, em pleno campo de batalha, defendendo a independência do Brasil.
Maria
Quitéria nasceu entre os anos de 1792 e 1797 no arraial de São José de
Itapororocas, Bahia. Filha de Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de
Jesus, Maria perdeu sua mãe aos 10 anos. Sua relação com a terceira esposa de
seu pai não era amistosa, o que levou Maria a passar a maior parte de seu dia
fora de casa. Sendo assim, ao invés de aprender atividades voltadas à mulher do
século XIX (como costurar e bordar), aprendeu a montar cavalos e a manejar
armas de fogo. Quando os mensageiros pró-independência chegaram à sua fazenda,
a fim de receber patrocínio e recrutar combatentes, seu pai não colaborou. Mas
Maria demonstrou interesse em fazer parte do exército. Seu pai, possesso, não
concordou, mas ela, determinada, fugiu de casa e se alistou nas tropas. Para
não gerar desconfiança, cortou o cabelo, pediu emprestado um uniforme e se
apresentou ao Corpo de Caçadores com o pseudônimo de soldado Medeiros. Duas
semanas depois, seu pai, que há tempos a procurava, descobriu seu paradeiro e a
delatou ao major Silva e Castro, comandante de sua divisão. No entanto, Maria
já havia feito fama entre os militares, em razão da sua bravura e habilidade, e
o major não aceitou sua baixa.
O
batalhão dos voluntários era conhecido como “Batalhão dos Periquitos”, em
virtude da cor verde da gola e dos punhos do uniforme. Nesse batalhão, Maria se
destacou nos combates de Conceição, Pituba, Itapuã e Barra do Paraguaçu, onde
liderou um pelotão de mulheres, impedindo o desembarque de tropas portuguesas.
O exército pró-independência conseguiu expulsar, de vez, os portugueses da
Bahia em 2 de julho de 1823. Por conta de seus esforços, Maria foi homenageada
por D. Pedro ao receber a medalha de “Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro”.
D. Pedro, a pedido de Maria, pediu perdão ao pai da moça pela desobediência e
Maria, perdoada, voltou para casa.
Maria
casou-se com Gabriel Pereira de Brito e tiveram uma filha, Luísa Maria da
Conceição. No dia 21 de agosto de 1853, esquecida pela história, Maria faleceu.
Cem anos depois, o Exército, na figura do Ministro da Guerra, rendeu-lhe uma
homenagem: ordenou que todas as unidades militares passassem a ter um retrato
de Maria Quitéria.
Evelyn
Equipe Blog do Maurício
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